Israel: Sindicato da Construção Civil desafia governo

O Sindicato da Construção Civil de Israel assinará um novo acordo cobrindo todos os empregados no setor – não importando se são israelenses, palestinos ou estrangeiros convidados, em aberto desafio à campanha do governo direitista para expulsar do país os não-israelenses que trabalham nos canteiros de obras.

Em recente pronunciamento na maior entidade patronal do país, a Associação de Fabricantes, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu se comprometeu a pôr todos os trabalhadores estrangeiros da construção civil para fora de Israel até 2012, alertando sobre uma “infiltração ilegal” da África. “Nós fundamos um Estado judeu e democrático e não permitiremos que se transforme em um Estado de trabalhadores estrangeiros”, afirmou.

O jornal “Jerusalem Post”, por sua vez, noticiou que o Parlamento israelense planeja construir novas barreiras e um muro ao longo da fronteira com o Egito, para impedir uma “inundação” de imigrantes africanos em busca de trabalho em Israel.

Um destacado parlamentar de direita, Ya’acov Katz, pretende criar um fundo especial de treinamento de israelenses para o setor da construção, visando eliminar e substituir totalmente os trabalhadores palestinos e de outros países. A maioria esmagadora dos empregos nos canteiros de obras é ocupada por não-israelenses, grande parte deles palestinos, mas muitos vindos da China e Tailândia, além de diversas regiões da África Subsaariana.

A anunciada ofensiva contra os trabalhadores estrangeiros teve como primeira e enérgica resposta o acordo entre o Sindicato da Construção Civil e todas as maiores empreiteiras do país. Segundo a agência noticiosa israelense INN, são definidos patamares salariais para todos os trabalhadores e mestres-de-obras e um processo de recurso para todos os empregados que se considerarem demitidos injustamente, sem distinção de nacionalidade.

Entre outros pontos, o salário inicial dos trabalhadores do setor será de 4.350 NIS (novo shekel) mensais, alcançando 6.200 NIS de acordo com os anos de experiência. Os mestres-de-obras ganharão entre 6.550 NIS e 8.200 NIS. Os salários serão reajustados em 6% nos próximos dois anos; ao final do biênio, os trabalhadores deverão receber 19% acima do salário mínimo. A jornada de trabalho foi fixada em 42 horas semanais.

O sindicato, filiado à federação israelense Histadrut, tem se empenhado na organização dos trabalhadores estrangeiros, proporcionando treinamento e representação aos palestinos empregados nas obras do país. Em novembro passado, a entidade realizou seu 12º congresso, tendo como tema “O setor da construção como uma ponte para a paz”.

Yitzchak Moyal, reeleito presidente do sindicato, reafirmou a busca de meios para ampliar o acesso de palestinos aos empregos na construção civil, atualmente em forte expansão. Isso inclui uma série de projetos desenvolvidos em conjunto com o Sindicato da Construção Civil da Palestina. Durante o congresso, Moyal destacou que a entidade lutaria para renovar o acordo de forma a contemplar “todos os trabalhadores, sejam israelenses, palestinos ou de outros países”.

Tradução: Dilair Aguiar

Fonte: Trade Unions Linking Israel and Palestine (TULIP) (http://www.tuliponline.org/?p=1448)

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