Irlanda: Sindicatos suspendem greve geral

O Conselho Executivo do Congresso Sindical Irlandês (ICTU) anunciou a 25 de março a suspensão da greve geral marcada para o dia 30, (ver "Sindicatos Irlandeses convocam Greve Geral") após aceitar um convite do “Taoiseach” (primeiro-ministro) Brian Cowen para voltar a negociar com o governo e o IBEC (organização patronal).

Um comunicado do ICTU informou que a iniciativa tem o objetivo de alcançar uma “resposta nacional integrada” para os problemas enfrentados pelo país, mas advertiu que a proposta de paralisação poderá ser retomada, dependendo do resultado das conversações e do projeto orçamentário a ser anunciado a 7 de abril.

“Este é o último lance de dados para o governo, o IBEC e os sindicatos”, resumiu o jornal irlandês Irish Times. A decisão de suspender a greve geral reflete o fato de que os dirigentes sindicais estão ansiosos para chegar a um acordo, além de sua confiança no forte apoio por parte dos trabalhadores.

Um exemplo disso é a votação realizada pelo sindicato dos servidores públicos Impact, que, embora não tenha atingido a maioria de 2/3 exigida, contabilizou o apoio de 65% dos filiados para a proposta de greve. Os comentários da imprensa burguesa de que a paralisação seria um fracasso decorrem mais de seus desejos que da realidade.

Mas o problema para os negociadores é que há muito pouca margem de manobra. O PIB caiu a uma taxa anualizada de 7,8% no quarto trimestre de 2008, o déficit público alcança € 19,5 bilhões, o desemprego está atingindo a casa dos 400 mil e a receita tributária despencou 24% desde o início do ano. Os empresários, embora se declarem dispostos a um acordo, estão determinados a não pagar pela crise.

O líder do ICTU, David Begg, pode estar disposto a manter seu poder de fogo, mas o fato é que muitos setores ficarão frustrados com qualquer tergiversação ou indecisão por parte dos dirigentes sindicais. Não se pode abrir e fechar a disposição dos trabalhadores como se fosse uma torneira.

Por outro lado, muitos trabalhadores estão cientes de que é preciso uma ampla ação militante para barrar os planos do governo e dos patrões. O único motivo pelo qual Cowen convidou os sindicatos é o medo da classe operária. Como já explicamos, isto é como um jogo de pôquer com apostas muito, mas muito elevadas.

Tradução: Dilair Aguiar

Fonte: In defense of Marxism

http://www.marxist.com/ireland-last-roll-of-the-dice.htm

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