SOB O PONTO DE VISTA DOS TRABALHADORES

“Do rio que tudo arrasta se diz violento, mas não se dizem violentas as margens que o oprimem”


Bertolt Brecht


Já estamos habituados ao jogo da mídia monopolista, ao bombardeio de manchetes como “Greves causam bilhões em prejuízos para empresas”, ou reportagens de TV descrevendo em detalhes congestionamentos causados por manifestações – mas sem explicar o motivo do protesto.

Isso se torna tão “normal” que sequer lembramos de analisar os fatos sob outra perspectiva, a da “Falta de greves causa bilhões em prejuízos aos trabalhadores” – ou seja, interpretar o que acontece sob a ótica da outra ponta da exploração capitalista.

Agora, com o Capital imerso em mais um abalo sísmico, as granadas do baronato da imprensa se tornam ainda mais pesadas: o noticiário fala de cortes, demissões, com empresários, banqueiros e “analistas” traçando os panoramas mais tenebrosos possíveis, contrabalançados por matérias sobre formas “criativas” de solução da crise – soluções, é claro, individuais ou para pequenos grupos.

A mídia procura passar um recado muito explícito: ”É tempo de murici, cada um cuide de si”. E tenta demonstrá-lo omitindo – ou relegando a um canto de página – a luta coletiva dos trabalhadores. Quando esta não pode mais ser ocultada, parte-se para o Plano B: noticiar, mas satanizando a ação dos explorados em virulentos editoriais.

Essa estratégia contra os trabalhadores não se limita ao território nacional. O silêncio é ainda mais exacerbado no que diz respeito à onda de resistência popular em todas as partes do mundo.

Um exemplo: os trabalhadores da ilha caribenha de Guadalupe sustentaram uma greve geral de 44 dias, conquistando a maioria de suas reivindicações. Apenas o Estadão publicou uma notícia a respeito, dando mais destaque aos transtornos causados para os turistas estrangeiros...

Este blog tentará resgatar, dentro de seus limitados recursos, uma tradição da imprensa popular do Século 20: apresentar um noticiário internacional do ponto de vista dos trabalhadores, suas novas formas de luta, sua resistência cotidiana às manobras do Capital.

E retomar um brado muitas vezes esquecido: “A Classe Operária é Internacional!”

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