Chile: 135 mil participam de mobilização sindical

Sob a palavra de ordem “a crise não será paga pelos trabalhadores” e uma ampla lista de reivindicações políticas e sociais, mais de 135 mil pessoas participaram no dia 16 de abril de uma jornada de mobilização sindical no Chile, segundo seus organizadores.
“Com este protesto, o sindicalismo deu uma mostra de maturidade, unidade, organização e força. Muitos ignoravam isto, ou não queriam ver. Bom, hoje demonstramos que temos capacidade”, declarou o presidente da Central Unitária dos Trabalhadores (CUT), o socialista Arturo Martínez.
“Demonstra-se também a mudança ocorrida no Chile, porque este sindicalismo veio para fazer mudanças políticas no país e não apenas reivindicar um reajuste. Talvez demore, mas vamos mudar o Chile”, destacou o dirigente sindical, depois de distribuir à imprensa o balanço da manifestação.
Martínez divulgou também a lista de reivindicações políticas e sociais, que incluem, entre outros pontos, o fortalecimento da negociação coletiva, o fim da substituição de trabalhadores durante greves e a alteração do artigo 161 do Código do Trabalho, que autoriza a dispensa de funcionários por necessidade empresarial.
Os trabalhadores chilenos também exigem que o governo de Michelle Bachelet envie ao Parlamento um projeto de lei criando um novo sistema público de pensões, com garantia estatal, como alternativa às administradoras de fundos de pensões privadas.
No âmbito social, pede-se “a nacionalização da eletricidade, água, transportes públicos, e que os direitos à saúde e educação sejam administrados pelo Estado”. Martinez acrescentou que “também queremos uma reforma constitucional” que aprove a realização de um plebiscito, “no qual o povo do Chile possa votar por uma nova Constituição”.
“Aqui estamos reivindicando democracia, participação e direitos essenciais para o nosso povo”, afirmou o presidente da CUT.


A JORNADA DE MOBILIZAÇÃO



Por volta das 11h00 da manhã do dia 16 de abril, foram iniciadas passeatas simultâneas em quatro pontos da capital, convergindo para o paseo Bulnes, no centro da cidade, onde se realizou o principal ato da jornada. De acordo com a CUT, cerca de 30 mil pessoas participaram das manifestações em Santiago.
Na cidade de Arica, no norte do país, 4 mil trabalhadores participaram da jornada; em La Serena, 7 mil; em Valparaíso, 15 mil estiveram presentes no ato público, e em Tamuco 17 mil trabalhadores se manifestaram. Segundo informações da polícia, houve mais de 50 detidos devido a incidentes.
A mobilização da CUT contou com a adesão da Agrupação Nacional de Empregados do Fisco (Anef) , professores, estudantes, trabalhadores da saúde, aposentados, além de funcionários de empresas privadas, principalmente do comércio. O lema da jornada foi “Para que a crise não seja paga pelos trabalhadores. Para conquistar um Estado social, democrático e solidário. Todo o Chile para parar o abuso”.
O ex-ministro do Trabalho de Bachelet, o socialista Osvaldo Andrade, que deixou o cargo para se candidatar à Câmara dos Deputados nas eleições de dezembro próximo, também participou das manifestações. “Estamos protestando contra o abuso dos empregadores, não do governo. Não se enfrenta a crise com demissões, deve-se acabar com os abusos, os patrões não podem se aproveitar da crise para demitir”, declarou Andrade aos jornalistas.
Uma das palavras de ordem mais ouvidas na capital chilena foi justamente “a parar, a parar, el abuso patronal”. Os manifestantes também portavam várias faixas exigindo “Mais Estado, menos mercado”.



Tradução: Dilair Aguiar


Fonte: Inter Press Service (IPS)
http://www.ipsnoticias.net/nota.asp?idnews=91857





Nenhum comentário: