Bangladesh: Dois mortos durante protesto de operários têxteis

Pelo menos duas pessoas foram mortas e dezenas ficaram feridas em choques entre trabalhadores têxteis e a polícia nos subúrbios da zona norte de Daca, capital de Bangladesh, dia 31 de outubro. Fontes policiais informaram que os conflitos eclodiram quando os têxteis protestavam contra o não pagamento dos salários em uma das fábricas.



Nos últimos meses, a insatisfação com os baixos salários e péssimas condições de trabalho já provocou numerosas e violentas manifestações nesse país, situado no sul da Ásia (ver Bangladesh: Mais de 15 mil operários têxteis atacam fábricas).


Estopim foi o fechamento de uma fábrica (Vídeo Agência Reuters)


“Os policiais tiveram de disparar balas de borracha para dispersar os trabalhadores, que arremessavam pedras e tijolos contra nossas forças”, declarou um inspetor da polícia, acrescentando que “até o momento, duas pessoas morreram”.


Os protestos ocorreram quando os têxteis, ao chegarem na fábrica Nippon Garments, no norte da capital, encontraram no portão um comunicado da gerência informando que o trabalho seria suspenso por um mês, sem o pagamento de salários, devido aos prejuízos sofridos pela empresa e a falta de encomendas.



Exigindo uma indenização correspondente a três meses de salário, os operários saíram em passeata pelas ruas e, segundo a polícia, mais de 15 mil pessoas rapidamente aderiram ao protesto. Um porta-voz policial declarou que pelo menos 100 trabalhadores e vários agentes ficaram feridos nos confrontos.


“Os trabalhadores enfurecidos ficaram incontroláveis e violentos esta manhã, erguendo barricadas nas ruas e atacando a polícia”, afirmou o porta-voz, indicando que os manifestantes também depredaram vários veículos, incendiando alguns, e bloquearam o tráfego entre os distritos do norte e a capital.


A indústria têxtil de Bangladesh, responsável por quase 75% das exportações do país, foi seriamente atingida pela crise econômica mundial, com as empresas do setor tentando reduzir os salários para competir com os produtos do Vietnã, China e Índia. O salário mínimo equivale a US$ 23 (cerca de R$ 40) mensais, mas sindicatos e organizações trabalhistas denunciam que muitas fábricas pagam abaixo disso.



Tradução: Dilair Aguiar

Fonte: Aljazeera.net

Nenhum comentário: