México: Operários conquistam sindicato independente na Johnson Controls

Com uma greve de três dias e uma campanha internacional de solidariedade, os operários da fábrica de autopeças da Johnson Controls em Puebla, México, conquistaram o direito de serem representados por um sindicato de sua livre escolha. A fábrica, que emprega cerca de 450 pessoas, produz assentos, consoles e painéis para algumas das principais empresas automobilísticas do mundo, incluindo a Ford e a Mercedes-Benz.

Representantes dos grevistas e da empresa firmaram a 29 de maio um acordo que reconhece a decisão dos operários de serem representados pelo Sindicato Nacional de Trabalhadores Mineiros, Metalúrgicos, Siderúrgicos e Similares da República Mexicana, conhecido como “los Mineros”.

Um sindicato de “protección” (pelego), controlado pela empresa e ligado ao governo estadual do Partido Revolucionário Institucional (PRI), era responsável pelo Contrato Coletivo de Trabalho da fábrica, mas os operários jamais receberam uma cópia do acordo ou sequer foram consultados se queriam ou não ser representados pela entidade.

O acordo estabelece um importante precedente no México, onde os patrões frequentemente assinam “contratos de proteção” com sindicatos corruptos sem o conhecimento e/ou aprovação dos trabalhadores, como meio de impedi-los de se organizarem ou se filiarem a um sindicato democrático.

Junto ao reconhecimento do Sindicato dos Mineiros como representante dos trabalhadores, o acordo com a empresa determina que não haverá represálias ou processos contra os que participaram da greve, assim como o pagamento integral dos dias parados.

Além disso, foi conquistado o pagamento do equivalente a US$ 100 para cada operário como participação nos lucros (vinte vezes mais que a proposta inicial de cerca de US$ 5 – ou 60 pesos – feita pela companhia). Será oferecida ainda a contratação direta a todos os terceirizados, que também poderão se sindicalizar.

Os operários tiveram o respaldo do Centro de Apoio ao Trabalhador (CAT) de Puebla, do escritório do Centro de Solidariedade da AFL-CIO no México e do Projeto de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (ProDESC).

Entre as entidades que se mobilizaram internacionalmente, figuram o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Automotriz do Canadá (CAW), o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Automotriz, Aeroespacial e de Máquinas Agrícolas da América (UAW), o Projeto de Solidariedade Trabalhista nas Américas (USLEAP) a Federação Internacional de Trabalhadores Metalúrgicos (FITIM) e a Rede de Solidariedade da Maquila (RSM), que combate a exploração nas empresas “maquiadoras”.

Ao contrário de seus companheiros, os operários da FINSA, outra fábrica da Johnson Controls em Puebla, prosseguem sua longa luta para se livrarem de mais um sindicato de “protección”. Eles formaram uma Coalizão Temporária de Trabalhadores para negociar com a empresa, mas esta se mantém intransigente até agora e demitiu vários de seus líderes.

A 28 de abril, quando dois membros de uma equipe do CAT visitavam os trabalhadores na comunidade de Santo Toribio, próxima a Puebla, um deles foi atacado pelo filho de Magdaleno Texis, líder da CROM, o sindicato pelego que firmou o “contrato de proteção” com a da Johnson Controls na FINSA.

Uma comissão de trabalhadores da FINSA está visitando os Estados Unidos para divulgar o movimento e ampliar a solidariedade. A RSM se somou a diversas entidades no México e outros países para exigir que a Johnson Controls se reúna com os trabalhadores, recontrate os operários demitidos injustamente e aceite o sindicato independente, respeitando o direito dos trabalhadores de serem representados por uma entidade de sua livre escolha.

Tradução: Dilair Aguiar

Fonte: Red de Solidaridad de la Maquila (http://es.maquilasolidarity.org/node/789)


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