EUA: Total de sindicalizados cai ao menor nível dos últimos 70 anos

Por Steven Greenhouse

O total de trabalhadores sindicalizados nos Estados Unidos sofreu um drástico recuo em 2010, de acordo com um relatório do Departamento de Estatísticas Trabalhistas, correspondendo a 11,9% da força de trabalho do país – o menor índice em mais de 70 anos. O número de sindicalizados baixou em 612 mil, a 14,7 milhões, uma queda superior à redução de 417 mil postos de trabalho ocorrida no ano passado.

“Foi um ano muito difícil para os trabalhadores sindicalizados”, comentou John Schmitt, economista senior do Centro de Pesquisas Econômicas e Políticas, sediado em Washington. “Observamos um declínio no setor privado, assim como no setor público”.

No setor privado, a redução foi de 339 mil, a 7,1 milhões, enquanto na área pública a diminuição chegou a 273 mil, a 7,6 milhões. O percentual de sindicalizados nas empresas privadas caiu a 6,9%, em comparação aos 7,2% anteriores, no menor índice para o setor em mais de um século, segundo especialistas.

Em 2009, pela primeira vez na história do país, os funcionários públicos representaram mais da metade do total de estadunidenses filiados a sindicatos, mas, em 2010, o percentual de servidores sindicalizados diminuiu a 36,2%, em comparação a 37,4% no ano precedente.

O Departamento de Estatísticas Trabalhistas comparou os 11,9% de sindicalizados de 2010 aos 20,1% de 1983, quando 17,7 milhões de trabalhadores estavam filiados a sindicatos. O maior índice de sindicalização do país foi de 35%, registrado em meados da década de 1950, com a intensificação do movimento trabalhista após a Grande Depressão e a II Guerra Mundial.

O relatório não apresentou porém apenas más notícias: segundo ele, o ganho semanal médio dos trabalhadores sindicalizados, de US$ 917, continuou superior aos US$ 717 recebidos pelos não sindicalizados.

Barry T. Hirsch, economista especializado em assuntos trabalhistas da Georgia State University, apresentou vários motivos para o declínio da sindicalização nas últimas décadas. “Obviamente, as empresas sindicalizadas têm maiores salários e benefícios para os trabalhadores e embora isso signifique com frequência aumento na produtividade, elas geralmente ficam em desvantagem em termos de custos”.

“Além disso, em um mundo cada vez mais globalizado e em contínua mudança, as companhias sindicalizadas podem não ter condições de se ajustar tão rapidamente”, afirmou. Para Hirsch, outro fator prejudicial à sindicalização é que as empresas, além de se oporem ideologicamente aos sindicatos, estão reagindo cada vez mais agressivamente contra as iniciativas de organização trabalhista.

Em 2009, a queda de 771 mil nas filiações sindicais ocorreu em grande parte devido ao declínio generalizado nos postos de trabalho, mas essa redução foi precedida por um surpreendente aumento na adesão aos sindicatos. O total de sindicalizados cresceu em 739 mil nos dois anos anteriores, devido à expansão do número de empregos e algumas grandes e bem-sucedidas campanhas de sindicalização.

De acordo com o Departamento, Nova York apresentou o mais alto índice de sindicalização entre os estados, com 24,2%, seguido pelo Alasca, com 22,9%, e o Havaí, com 21,8%. A Carolina do Norte registrou a menor taxa, de 3,2%, com o Arkansas e a Georgia empatados no segundo lugar, com 4%.

Tradução: Dilair Aguiar 



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